terça-feira, novembro 28, 2006

crescemos juntos. lembro-me bem das flores e das cores que vimos quando eramos pequenos. tudo era tão belo não era? a casinha elevada, que pedia três ou quatro degraus, com as telhas lá no alto bem laranjas, a contrastar com os ramos caídos sobre o telhado, bem verdões. nas paredes, trepadeiras, pintavam um belo quadro verde vegetal e branco cal. e a relva? ah...passamos belos momentos naquela relvinha. ainda sinto aquela frescura na ponta dos meus dedos. aquela sensação. aquela textura. muito corremos nesse tapete. muito caímos também. mas a maior lembrança, essa é o Sol a brilhar. nessa casa onde crescemos, ou num beira-mar, onde podemos ver o Sol a afundar, com a certeza que vai voltar, para nos voltar a iluminar.

quinta-feira, novembro 23, 2006

Memória

ainda te lembras? depois de todo este tempo? há coisas que nunca vamos esquecer não é verdade? gostava que houvesse um livro onde pudesse ler aquilo que fizeste depois, o que sentiste. depois de tanto tempo, reparei que raramente nos olhamos nos olhos. eu ia voltar a perder-me lá no fundo. e implorar secretamente para que ninguém me indicasse a saída. e, hoje à noite, quando me afundar no sofá que um dia partilhamos, ver-te-ei na minha sala, ao meu lado. será que tu estarás sentada em casa, comigo a teu lado?

sexta-feira, novembro 17, 2006

Esquecimento

o esquecimento é a forma mais dolorosa de morte. vagueamos sós, à espera que uma única palavra se solte na nossa direcção. nessa espera, tornamo-nos frios e amargos. perdemos o norte. sentimo-nos sem rumo. insólito o facto de ter sido ar, e ser agora nada. ignorado na tua vivência, no teu pensamento, continuo a viver. cabalmente.

Outono

vim de longe para te ver. espero encostado a uma árvore que saias por aquela porta. é outono. chove miudinho e há folhas amarelas a pairar na sua viagem fatal. há pouca luz. penumbra. nisto, apareces, magistosamente, grandiosamente, a liderar por aquela porta fora. vês-me. ficas surpresa. vens a medo até mim. não esperavas que fosse de novo atrás de ti. eu não esperava que me abraçasses como fizeste. num acto continuo andámos. o resto, ainda está para vir.

segunda-feira, novembro 13, 2006

Canção

No inicio eramos estrelas e constelações
Agora somos apenas memórias e desilusões

Eu tinha sonhos e ambições
Tudo agora são memórias e recordações

sexta-feira, novembro 10, 2006

Um dia

quando dizias que me amavas, tinhas um olhar tão verdadeiro. tinhas uma certeza tão vincada de que iriamos ficar para sempre a partilhar cada bocadinho do que era nosso. do mar, do céu, da vida. essa partilha não tinha fim à vista e parecia tão serena e, de certo modo, inquietantemente segura. essa segurança, que me fez errar, é aquilo que nos separa. e, sim meu amor, sei que errei. e também sei que não vais voltar tão rápido quando eu queria, desta tua viagem louca por terras que nos separam. espero que isso seja porque tens medo que aconteça tudo de novo. promessas vãs, desilusões. relações sem chão. e, aqui, quebro o silêncio da nossa paz, dizendo que não, não volta a acontecer. se me Amas, vais acreditar. um dia.

quinta-feira, novembro 09, 2006

Brisa

às vezes quando vais a passar, com a leveza que te é característica, dou por mim a levar-te nos braços e a voar até às nuvens, como um dia já voamos. que nuvens? perguntavas tu com a certeza de que não as havia. havia sim. há sempre. o segredo está em ser como tu e fechar os olhos, sentir a brisa. apenas. e não de querer ver tudo, qual cientista há procura da certeza mais efémera do mundo, de olhos abertos, sem dar espaço à imaginação e ao mundo perfeito que podemos criar para nós. podíamos, lembras tu, num tom amargo que não sabia poder vir de ti. e nisto grito, choro, anseio. Por Ti, digo-te eu, implorante. ofegante. no fundo, cansado de dor.

sexta-feira, novembro 03, 2006

Alma

o mais importante do mundo são as coisas que não se vêem. e por cima disso estás Tu.

Sonho

hoje vi-nos na tua casa florida. tantas cores, sem qualquer negrume. nem uma nuvem ameaçava pairar no ar. no entanto- e continuo sem saber o que de tão mal fiz ao mundo- era um sonho. doce, mas um sonho. insiste em ser o meu único momento de felicidade, o sonho. terei de viver assim então. de Ti não vou abdicar.

quinta-feira, novembro 02, 2006

Noite fria

na paz da noite, quando até as estrelas já recolheram, duas mãos frias tocam-me os cabelos e uns lábios gelados sussurram-me ao ouvido. agora, dizem eles. num tom estranhamente quente. sedutor. talvez por isso tanta gente a siga quando não deve, fora de tempo. não tiveram a sorte que eu tive. de, na paz daquela noite, ao ouvir aquela voz quente, tenha visto no fundo do meu coração os olhos mais belos que alguma vez verei. da última vez que os vi, eram quentes. um calor que só erradiava para mim. agora não sei. se é frio, gélido, escaldante. mas prefiro acreditar na recordação desse calor, do que acompanhar a senhora pálida e fria dos lábios quentes. a mim, interessa-me viver a recordação do que um dia fomos. um dia, viveremos.

quarta-feira, novembro 01, 2006

O sentido da vida

quando me vejo no espelho vejo um rosto cansado. da luta. vejo um rosto depêndente. de ti. marcado pelo Amor e pela forma como me magoaste. tenho agora uma vida em suspenso, em que nada interessa, a não ser ter de novo o teu beijo a sentir o meu, ou aquilo a que eu chamo o Verdadeiro Beijo. todos os planos foram esquecidos. de forma natural, pois todos eles tinham, de uma maneira ou de outra, a tua presença. mas, num mais pálido sinal do teu sorriso, vejo todo o sentido de uma vida que afinal não está em suspenso. não espera e anseia por uma coisa que pode não vir. espera e anseia por ti. por Nós. e isso, faz todo o sentido...